quinta-feira, 26 de março de 2015

Recomeço

Se eu já prometi que não voltava
Como é que ainda estou no mesmo sítio?
Como é que a tua mão me acalma a mágoa
Depois de me largar no precipício?
Se já prometi que não te recebia
Como é que hoje ainda te abro a porta?
Como é que ainda aqueces a noite fria
Depois de me deixares ao frio lá fora?
Se eu já te gritei para me largares
Como é que ainda caio aos teus pés?
Como é que te peco p’ra ficares
Depois de me atirares contra a maré?
Se eu já disse que não te escrevo
Como é que ainda é teu este poema?
Como é que eu ainda ando sem medo
Depois de passar por tanto breu sem estrelas?
Se eu já me despedi ainda agora
Como é que ainda estou no teu peito?
Como é que nunca chega a hora
Depois de o fim nos fechar com um beijo?
Se o fim já se deu mais de mil vezes
Como é que ainda deixo que tu finjas?
Como é que ainda caio na rede?
É o amor que sempre renasce das cinzas.

1 comentário: