terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O que fazer ao desejo?

"Quando existe – ou já existiu amor – o desejo mais instintivo não se desvanece. A pele tem memória, a simples presença do outro faz saltar tudo, como o Jack in the Box. De repente dispara, como uma arma que não conseguimos comandar, porque é um Desejo Partilhado. Em nada tem a ver com resolver a urgência física com a rapidez e limpeza com que aprendemos a fazer sozinhos quando entramos na adolescência. Esse é o prazer solitário. Tem a ver com uma mistura em que o todo resulta maior do que soma das partes; o toque, o cheiro, o olhar, o peso, o movimento, o calor dos corpos, o aconchego, a oxitocina misturada com a adrenalina.  fica tudo debaixo da pele, como uma película fina e densa. Todos os outros corpos parecem estranhos, indiferentes, ou repugnantes. É o amor que torna o desejo pessoal e intransmissível. Porque o  coração também não é um país democrático, só aguenta um tirano de cada vez. Por tudo isto, o que fazer ao desejo? Nada. Esperar que passe. Ter paciência. Dar tempo ao tempo.
E um dia, de repente, mudam--se os tempos, mudam-se as vontades. E a verdade passa a ser outra." - MRP 

Porque o coração tem memória e teima em não esquecer o que o cérebro passa todo a o tempo a querer apagar... Ansiando pela mudança dos tempos e destas loucas, parvas vontades... 

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